CTB/RS realiza, em Caxias do Sul, curso de formação com sindicatos do Estado

 CTB/RS realiza, em Caxias do Sul, curso de formação com sindicatos do Estado
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Palestra de abertura ficou por conta de Lúcia Garcia, do DIEESE, com o tema A agenda da Classe Trabalhadora no Congresso nacional e a aplicabilidade da Lei do Trabalho Igual Salário Igual

O quinto andar do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Caxias do Sul recebe nos dias 4, 5 e 6 de outubro, o curso de formação da CTB/RS: Quando você se forma, transforma. Cinquenta dirigentes sindicais de sindicatos de trabalhadores de diversos municípios participam do encontro que segue até sexta-feira.

Na abertura, o presidente do Sindicomerciários de Caxias do Sul, Nilvo Riboldi Filho, agradeceu a presença de todos. “Este é um espaço para receber os trabalhadores de Caxias do Sul e de outros municípios.”

Eremi Melo, diretora de Formação do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e secretária de Formação e Cultura da CTB Nacional, destacou a possibilidade do reencontro após dois anos sem poder realizar atividades presenciais. “Apesar das dificuldades, estamos buscando fazer a formação sindical que é importante tanto para os dirigentes novos quanto para quem já está há mais tempo na luta. No ultimo período muita coisa mudou. Saímos de um governo fascista para um governo de frente ampla. O movimento sindical precisa ter consciência desse momento que estamos vivendo,” afirmou Eremi. Ela salientou ainda que “viemos de quatro anos de retirada de direitos e precisamos colocar os trabalhadores e as trabalhadoras em um novo patamar. Que possamos aproveitar esses 3 dias de formação,” finalizou.

Guiomar Vidor, presidente da CTB/RS agradeceu a presença de todos em nome da direção estadual e afirmou que todos estavam sentindo falta de voltar a se encontrar depois da pandemia.

“Conseguimos derrotar ao menos eleitoralmente, o Bolsonarismo. Nosso papel agora é derrotar ideologicamente.” Guiomar prosseguiu dizendo que os dirigentes sindicais “não são contra os avanços tecnológicos mas desde que sejam utilizados para melhorar a vida das pessoas e não para gerar mais desigualdade.” O presidente da CTB também citou o exemplo da Inglaterra onde algumas empresas adotaram a semana de 4 dias e isso é um modelo a ser seguido. Guiomar finalizou dizendo que o curso de formação da CTB é “eclético, concentrado, e aborda várias questões”.

A palestra de abertura ficou por conta da Mestre em economia pela UFRGS, Lúcia Garcia. O tema foi “A agenda da Classe Trabalhadora no Congresso nacional e a aplicabilidade da Lei do Trabalho igual Salário Igual”. Lúcia, que trabalha no DIEESE, explicou que na história do capitalismo sempre tivemos travas e retrocessos. “As ideias podem retroagir. E nos últimos quatro anos vivemos isso. Nosso PIB voltou para trás. As ideias do ponto de vista conservador contribuíram com isso.”

Lúcia afirmou que existem várias pautas de interesse dos trabalhadores no Congresso Nacional e que é realizado o acompanhamento através do DIAP e de técnicos do DIEESE. “Temas de interesse geral dos trabalhadores. Entre esses temas, dois relacionados as pautas das mulheres: a Convenção 190 (que trata da violência e do assédio no local de trabalho) e a Convenção 156 (que trata de homens e mulheres precisam ter condições de arcar com responsabilidades familiares, com levar pais ou filhos no médico)”.

A economista prosseguiu contando que o movimento das mulheres, ainda na virada do século passado, lutava pela redução da jornada de trabalho de homens e mulheres. “A luta das mulheres, historicamente, busca beneficiar toda a classe trabalhadora.”

Para Lúcia, essa Lei vai trazer benefícios para todo o movimento sindical. “A Lei 14.611 aperfeiçoa a CLT. A desigualdade de salários entre homens e mulheres é uma agressão à própria CLT. O parágrafo sexto mudou a redação. Dizia que teria punição mas não especificava e limitava a um valor pecuniário baixo. Agora a multa corresponde a 10 vezes ao salário que a mulher deveria receber. Deixou de ser simbólico. A mudança na CLT é firme.”

Ela lembrou ainda que os sindicatos precisam estar preparados para dar assessoria às mulheres nesses casos e encaminhar os processos. Outro ponto destacado pela palestrante é de que vai ter incremento da fiscalização por parte do Ministério do Trabalho e uma disponibilização de canais de denúncia de empresas que não estão pagando de maneira correta.

A segunda palestra do dia foi “A comunicação e sua importância estratégica para o movimento sindical”, com o jornalista Clomar Porto, assessor de comunicação do Sindicomerciários Caxias e CTB-RS. Clomar lembrou da experiência com a comunicação no Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul entre 2008 e 2018.

O jornalista provocou os participantes, questionando como transformar a comunicação estratégica na prática? Qual o índice de sindicalizados no Brasil hoje? “Não podemos deixar de diagnosticar que vivemos um período de ataques muito fortes aos sindicatos no mundo inteiro. Esse ataque tem a ver com a crise do capitalismo. Com a retirada de direitos dos trabalhadores nos últimos anos, saímos de uma sociedade com uma visão que prospera com o trabalho para uma sociedade do salvem-se quem puder. É o contrário do discurso da coletividade. Como inserir os sindicatos nesse desafio? Como fazer a luta transformadora? E o que isso tem a ver com comunicação?”

Porto afirmou que é preciso conversar, criar conexões, tornar o sindicato a casa do trabalhador e da trabalhadora. “O sindicato deve ir para dentro da comunidade. É dessa forma que vamos nos comunicar. Cada sindicato precisa construir um cenário próprio de sua entidade, investindo em pesquisa e em comunicação profissionalizada. A comunicação só será efetiva se o conteúdo politico chegar no online e no offline.”

Participaram representando o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, o vice-presidente Paulo Andrade; o secretário-geral Beto Osório; o diretor de Esportes José Amarildo de Almeida Júnior e Fernanda Medino, diretora do Departamento Feminino.

Programação

Dia 04/10

14h15: A agenda da Classe Trabalhadora no Congresso nacional e a aplicabilidade da Lei do Trabalho igual Salário Igual – Mestre em economia pela UFRGS, Lúcia Garcia, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

15h15: A comunicação e sua importância estratégica para o movimento sindical – jornalista Clomar Porto, assessor de comunicação do Sindicomerciários Caxias e CTB-RS.

Dia 05/10

9h: A conjuntura atual e os desafios para o êxito do governo LULA – Prof. Thomas Toledo, do Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES), professor de Relações Internacionais da UNIP, historiador pela USP, mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e especialista em BRICS.

14h: Bases teóricas do neoliberalismo e do fascismo – Prof. Thomas de Toledo.

Dia 06/10

9h: As propostas das centrais sindicais sobre negociação coletiva, organização e financiamento sindical no fórum tripartite e a recente decisão do STF – Prof. José Geraldo Santana, advogado licenciado em história e direito pela Universidade Federal de Goiás, professor do Centro Nacional de Estudos Sindicais(CES).

Reportagem: Márcio Schenatto (Sindicato dos Metalúrgicos)
Fotos: Rodrigo Positivo


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