Dia do comerciário: ontem e hoje, a mesma Luta. Mais tempo para viver com direitos e dignidade – Por Guiomar Vidor
No dia 30 de outubro de 1932, a história da classe trabalhadora brasileira foi profundamente marcada pelo protagonismo da categoria comerciária. Naquele momento, os comerciários e comerciárias do Rio de Janeiro protagonizaram uma greve histórica que conquistou, por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas, dois direitos fundamentais: a jornada de oito horas diárias e o descanso semanal remunerado aos domingos — a famosa escala 6×1.
A vitória dos comerciários não foi apenas uma conquista de categoria; foi um marco civilizatório. A partir dela, todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil passaram a ter reconhecido o direito ao descanso semanal e à limitação da jornada. O Decreto-Lei nº 4.042/32, publicado no Diário Oficial da União em 30 de outubro, consolidou um novo tempo para a classe trabalhadora — por isso, essa data se tornou o Dia do Comerciário e da Comerciária.
De ontem para hoje: o fio da luta que segue
Décadas depois, seguimos reconhecendo a força daquela mobilização de 1932. Os comerciários foram pioneiros em mostrar que, sem luta, não há avanço social. Nos anos 1940, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Lei 605/49 reafirmaram e ampliaram direitos. Já em 2013, no governo Dilma Rousseff, a Lei 12.790 regulamentou definitivamente a profissão de comerciário, coroando um processo de décadas de organização e resistência.
Mas a história também foi marcada por retrocessos. Nas décadas de 1990 e 2000, sob o peso das políticas neoliberais, os trabalhadores sofreram duros golpes, a chamada reforma trabalhista de 2017 trouxe a ampliação da jornada aos domingos, flexibilização de direitos e precarização das condições de trabalho. Ainda assim, a categoria resistiu. E, durante a pandemia, mostrou novamente sua importância — mantendo o atendimento à população mesmo nos momentos mais difíceis, garantindo o funcionamento do comércio e sustentando a economia do país.
Uma nova conquista à vista: a escala 5×2
Hoje, assim como em 1932, os comerciários e comerciárias voltam a erguer sua bandeira por mais tempo para viver. A luta pela escala 5×2 e pela jornada semanal de 40 horas é o passo seguinte na caminhada histórica pela dignidade e pela vida com direitos. Queremos garantir o que a luta de 1932 iniciou: o direito ao descanso, à convivência com a família, ao lazer, ao estudo e à saúde.
A conquista da escala 5×2 é um dos grandes anseios atuais da sociedade e representará uma nova vitória da civilização sobre a exploração. Uma jornada mais humana é uma jornada que reconhece que o trabalho deve servir à vida — e não o contrário. O Projeto de Lei 67/2025, da deputada federal Daiana Santos representa essa mudança e ganhou força após a notícia de que poderá ser encampado e defendido pelo governo Lula.
Viver com dignidade é o nosso objetivo
Neste 30 de outubro, a Fecosul e os Sindicatos dos Comerciários do Rio Grande do Sul homenageiam todas e todos os profissionais que, com dedicação e esforço, constroem diariamente o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso país. Que o espírito de 1932 continue nos inspirando a lutar — agora, pela conquista de uma vida que caiba em mais do que o trabalho.
Ontem, 6×1 foi conquista. Hoje, 5×2 é a nossa bandeira. Porque viver com dignidade é o maior direito de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
Guiomar Vidor
Presidente da FECOSUL RS e vice-presidente da CNTC