FECOSUL alerta: sem o fim da escala 6×1, comércio pode enfrentar “apagão” de mão de obra no país
A Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (FECOSUL RS) soou um alerta importante ao Congresso Nacional: a manutenção da escala 6×1 e das longas jornadas está empurrando o setor do comércio para um cenário de escassez de trabalhadores, com impactos diretos na economia e no atendimento à população.
O presidente da entidade e vice-presidente da CNTC, Guiomar Vidor, afirma que empresas de todo o país já enfrentam dificuldades crescentes para preencher vagas. Para ele, os principais fatores que afastam profissionais do setor são justamente aqueles relacionados às condições de trabalho: jornadas exaustivas, trabalho frequente em domingos e feriados, metas abusivas e a penosa escala 6×1, que impede descanso adequado e desestrutura a vida familiar e social dos comerciários.
Condições que desmotivam e adoecem
Vidor destaca que a realidade vivida pelos trabalhadores do comércio é incompatível com um país que avançou tecnologicamente e ampliou sua produtividade.
“Uma categoria que majoritariamente cumpre jornadas de 44 horas ou mais, trabalha na maioria dos domingos e feriados, enfrenta falta de creches e registra o segundo maior índice de acidentes de trabalho no país — 612,9 mil casos em 2022, segundo o INSS — não encontra estímulo para permanecer no setor”, afirma o dirigente.
Ele lembra ainda que o comércio lidera afastamentos por doenças relacionadas ao estresse, consequência direta das longas jornadas e das pressões por metas, que têm deixado o ambiente de trabalho adoecido e desmotivador.
“É inadmissível que, em uma sociedade moderna, os avanços tecnológicos — fruto do esforço coletivo e de investimentos públicos — sirvam apenas para ampliar o lucro, e não para melhorar a vida de quem trabalha”, reforça.
Empresários já admitem a urgência da mudança
O presidente da FECOSUL aponta que pesquisas realizadas pelo próprio setor empresarial confirmam essa realidade. Diante da dificuldade de manter trabalhadores, muitas empresas já passaram a adotar a escala 5×2, com dois dias consecutivos de descanso, e outras vêm alterando contratos de funcionários para evitar perder mão de obra para setores com melhores condições.
Para Vidor, trata-se de um movimento que revela uma virada de chave: “O comércio está começando a entender que não há futuro possível mantendo práticas que afastam trabalhadores. Ou o Congresso, o governo e a sociedade enfrentam esse debate com seriedade, ou o setor viverá grandes dificuldades num futuro muito próximo”.
Alternativa concreta: aprovação do PL 67/2025,
O PL 67/2025, de autoria da deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), já conta com 475 assinaturas de apoio dos deputados o que permite o requerimento de urgência para votação na casa.
A FECOSUL defende a sua aprovação para estabelecer uma nova organização do trabalho no setor, com:
• Escala 5×2 (cinco dias de trabalho seguidos de dois dias consecutivos de folga); • Redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução salarial.
Para a entidade, essa é uma resposta viável, moderna e necessária para enfrentar a atual crise de retenção de trabalhadores e reduzir os índices de adoecimento no setor.
A FECOSUL reforça que o debate precisa sair do papel e entrar na agenda do Congresso com urgência — para garantir dignidade aos trabalhadores e sustentabilidade ao comércio brasileiro. “Ou avançamos nas relações de trabalho ou viveremos um apagão de mão de obra”, conclui Guiomar Vidor.