Por que o prefeito Melo não investiu um centavo sequer em prevenção contra enchentes em 2023?
Em uma matéria publicada pelo site UOL, a reportagem mostra que a Prefeitura de Porto Alegre não investiu nada, nem um real sequer, em prevenção as enchentes no ano de 2023. O texto também denuncia que isto ocorrera mesmo com o Departamento Municipal de Águas e Esgotos, DMAE, tendo R$ 428,9 milhões em caixa. Os dados da matéria foram retirados do Portal da Transparência de Porto Alegre.
O investimento destinado a prevenção as enchentes caiu dois anos seguidos em Porto Alegre. Veja:
2021 – R$ 1.788.882,48 (R$ 1,7 milhão)
2022 – R$ 141.921,72 (R$ 141 mil)
2023 – R$ 0
Não podemos esquecer que Porto Alegre convive há anos com o fantasma da grande enchente de 1941 e que, por diversas vezes, o Guaíba atingiu sua cota de inundação causando pânico na população. Mesmo assim, ao que tudo indica, o prefeito Sebastião Melo optou por não investir nada em prevenção, o que é no mínimo estranho.
Foto PMPA
O mais surpreendente que a matéria revela é: apesar da falta de investimentos, há dinheiro disponível. O DMAE tem R$ 428,9 milhões em caixa. E pior: enquanto o gasto com proteção contra cheias foi zero, o resultado patrimonial apresentou superávit de R$ 31.176.704,80 (R$ 31,1 milhões), informa trecho do balanço do DMAE.
“A contradição é que uma empresa pública não busca o lucro, mas atender a população”. A afirmação é de Edson Zomar, diretor do Simpa (Sindicato dos Municipários de Porto Alegre). O líder sindical acusa a prefeitura de sucatear o DMAE para vendê-lo. Zomar declarou ao UOL que a falta de manutenção e novos investimentos é pensada para a população considerar o departamento ineficaz e aceitar a privatização.
O diretor do Simpa disse que o primeiro passo para precarização foi diminuir o número de funcionários. Zomar afirmou que o DMAE tem metade dos servidores necessários. “Com menos empregados, fica difícil manter a qualidade dos serviços, e os problemas começam a aparecer.”
Pesquisadores confirmam que a falta de manutenção colocou o sistema de prevenção em risco. Parafusos, borrachas e trilhos se deterioraram ao longo da estrutura de proteção.
“Não é uma crença, é uma constatação. Falta manutenção no sistema”, disse Fernando Dornelles, professor e doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da UFRGS.
O sistema de proteção de Porto Alegre foi implementado na década de 1970. Composto por um muro de três metros, diques e comportas, ele funciona como uma barreira que protege a cidade ao longo de 60 quilômetros. Mas a estrutura não foi suficiente para proteger Porto Alegre na última semana. E a falência no sistema coincide com o corte de verbas.
Fica a pergunta: Por que o prefeito Melo não investiu um centavo sequer em prevenção contra enchentes em 2023?
CTB RS com base em matéria do UOL