Primeiro dia do 6º Congresso Estadual da CTB RS tem debates e reflexões sobre o futuro do trabalho

O 6º Congresso Estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio Grande do Sul (CTB RS) teve início nesta quinta-feira, 29/05, reunindo mais de 220 delegados e delegadas de todas as regiões do estado na sede da FETAG/RS, em Porto Alegre. Com o lema “Unidade e Luta para Transformar o Brasil e o Rio Grande: Com Democracia, Soberania, Desenvolvimento e Trabalho Digno”, o evento propõe dois dias de formação, debates e decisões fundamentais para o sindicalismo classista gaúcho.

A abertura oficial contou com a presença de lideranças sindicais e políticas, entre elas o presidente da CTB RS, Guiomar Vidor, que fez um resgate histórico das lutas recentes da classe trabalhadora e destacou a importância da organização sindical na reconstrução democrática do país.
“Depois do golpe que tirou a presidenta Dilma e do aprofundamento dos retrocessos com Bolsonaro, elegemos Lula e iniciamos um processo de reconstrução. Mas o desafio continua: precisamos construir uma nova maioria política que permita avançar em direitos, reverter a reforma trabalhista e valorizar o trabalho”, afirmou Vidor. Ele também criticou duramente os casos recorrentes de trabalho escravo no estado, especialmente na Serra Gaúcha: “Não podemos silenciar diante disso em pleno século XXI”.

O presidente da FETAG-RS, Carlos Joel da Silva, também ressaltou a necessidade de aproximação entre os sindicatos e a base trabalhadora, defendendo uma atuação mais conectada com a realidade do campo e da cidade. “O movimento sindical do futuro precisa ouvir mais do que falar. Não adianta termos instituições fortes se não estivermos enraizados nos trabalhadores que representamos. Esse congresso deve nos ajudar a refletir e construir esse caminho.”

Debates sobre conjuntura e desafios do sindicalismo
Durante a tarde, as mesas de debate trouxeram importantes reflexões sobre o cenário político e econômico. A primeira, com o jornalista Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, e a economista do DIEESE, Anelise Manganelli, abordou a conjuntura internacional, nacional e estadual.

Manganelli destacou o desafio da perda de dinamismo da economia brasileira e a desindustrialização crescente, que impactam diretamente nas condições de vida dos trabalhadores. “Vivemos uma oscilação econômica conhecida como ‘voo de galinha’, que não garante melhorias reais para a classe trabalhadora. Além disso, o Brasil se desindustrializou de forma mais acelerada do que outros países, o que compromete a geração de empregos de qualidade”, explicou.

Na segunda mesa, o tema foi custeio sindical, fim da escala 6×1 e justiça fiscal, com participações do desembargador Alexandre Corrêa, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, e da deputada federal Daiana Santos (PCdoB/RS). Os debates apontaram para a urgência de recompor as formas de financiamento sindical e de garantir justiça no sistema tributário brasileiro, que penaliza os mais pobres e favorece setores como o agronegócio desonerado.

O primeiro dia encerrou-se com uma atividade cultural comandada pela Banda Sindicato dos Músicos, reforçando o espírito de união e celebração das lutas da classe trabalhadora. O congresso continua nesta sexta-feira (30), com mais debates e a aprovação do plano de lutas que orientará a atuação da CTB RS nos próximos anos.
Fotos: Rodrigo Positivo/Sindicomerciários Caxias do Sul